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Estudante, imagine um guia de turismo que não entende nada de cartografia, será que ele conseguiria guiar um grupo com segurança e responsabilidade? Será que haveria respeito à cultura e ao ambiente local?
Guia: Fiquem tranquilos! Sei exatamente como chegar a reserva... acho que é pra lá.
O turismo é uma atividade multidisciplinar que abrange diversos conceitos e práticas e é um setor essencial para a economia e o desenvolvimento de regiões. No contexto moderno, a integração de tecnologias, como a cartografia e a cartografia digital, tem revolucionado a forma como o turismo é planejado, executado e vivenciado. Conceitos fundamentais do turismo, como hospitalidade, lazer e sustentabilidade, são pilares que orientam tanto as experiências dos viajantes quanto a atuação dos profissionais envolvidos.
O guia de turismo desempenha um papel fundamental, pois garante que os visitantes tenham uma experiência segura e informativa, respeitando a cultura e o ambiente local. As práticas do guia de turismo envolvem não apenas o acompanhamento e a orientação dos turistas, mas também o uso de ferramentas, como a cartografia digital, para otimizar a navegação e a apresentação dos destinos.
A cartografia digital, especificamente, tem transformado o turismo ao permitir a criação de mapas interativos, GPS, aplicativos móveis e ferramentas de planejamento de rotas, tornando a exploração de novos destinos mais acessível e precisa. Esses avanços tecnológicos ajudam os guias de turismo a oferecerem rotas personalizadas, identificarem pontos de interesse e garantirem a segurança em ambientes de difícil acesso, otimizando a experiência turística e adaptando-se a diferentes perfis de viajantes. Essa combinação de conceitos e tecnologias é fundamental para a evolução do turismo, promovendo práticas mais eficientes e alinhadas com as expectativas dos turistas.
A cartografia é a arte de criar mapas, representando graficamente informações geográficas. Desde os primórdios da civilização, os mapas têm sido ferramentas essenciais para a orientação, a exploração e a comunicação sobre a geografia do mundo. No turismo, a cartografia desempenha um papel fundamental ao facilitar a localização de pontos de interesse, a organização de roteiros e a comunicação visual de destinos e itinerários.
A cartografia é a representação geométrica plana, simplificada e convencional do todo ou de parte da superfície terrestre (IBGE, 2010 ). A representação mais utilizada e difundida é o mapa, mas ainda há cartas e plantas. São inúmeros os exemplos de mapas que contribuem para a atividade do guia de turismo, tais como: rodoviários, de áreas de conservação, urbanos, de serviços, de parques temáticos, de trilhas etc.
O guia de turismo precisa saber interpretar as informações geográficas e turísticas contidas em um mapa. Compreender a noção de escala, coordenadas geográficas, convenções cartográficas e símbolos utilizados para orientar turistas é fundamental para a execução de seu trabalho.
Mapas são uma ótima ferramenta de orientação, pois, com seu auxílio, o guia de turismo pode examinar os lugares de forma mais precisa e detalhada, conforme os fundamentos da cartografia.
Os fundamentos da cartografia envolvem a interpretação e a representação da superfície terrestre por meio de mapas. Esses fundamentos incluem:
Escalas
Definem a relação entre as distâncias no mapa e as reais no terreno.
Projeções cartográficas
Métodos de representação de uma superfície esférica (Terra) em uma superfície plana, como um mapa.
Simbologia cartográfica
Uso de símbolos, cores e linhas para representar diferentes elementos geográficos, como rios, montanhas, estradas e limites políticos.
Orientação
A disposição dos mapas, com o Norte no topo, facilitando a navegação.
Esses fundamentos permitem que os mapas sejam claros, precisos e úteis em várias áreas, como planejamento urbano, gestão ambiental e, claro, turismo.
O mapa é uma visão reduzida de um território, sendo necessário indicar a proporção entre a superfície terrestre e a área representada. Essa proporção chama-se escala. As escalas são definidas de acordo com o assunto ou o tema reproduzido nos mapas. Conforme a necessidade e a quantidade de detalhes representados, maior ou menor será a escala utilizada. A escala pode ser retratada numericamente ou graficamente. Quando reproduzida numericamente (escala numérica), indica a relação entre o espaço real e o espaço representado por meio de uma proporção numérica. Quando demonstrada graficamente (escala gráfica), indica as distâncias do terreno sobre uma linha reta graduada.
Ilustração de dois tipos de escala utilizados em cartografia. À esquerda, há a escala numérica, representada pela fração 1:4.000.000, que indica que um centímetro no mapa equivale a quatro milhões de centímetros no terreno real. Abaixo é informado que os valores da escala numérica são sempre em centímetros. À direita, há a escala gráfica, com uma barra dividida em segmentos, cada um representando uma distância específica, como 40 km ou 80 km. Abaixo é informado que os valores da escala gráfica aparecem quase sempre em metros ou quilômetros.
Quando um guia de turismo utiliza um mapa para se orientar, ele deve observar as escalas de acordo com o seu objetivo. Para estruturar um roteiro onde grandes distâncias serão percorridas, ele deverá utilizar um mapa cuja escala seja menor (com denominador maior), para que consiga visualizar o todo, e não os detalhes de cada região. Porém, se o percurso do roteiro for composto por distâncias menores, dentro de uma mesma cidade, a escala do mapa deverá ser maior, para que possam ser observados detalhes.
No turismo, as coordenadas geográficas são essenciais para localizar destinos com precisão, especialmente em atividades que envolvem navegação, como ecoturismo, trilhas e turismo de aventura. Com o uso de dispositivos como GPS e mapas digitais, guias de turismo podem utilizar coordenadas para planejar roteiros, localizar pontos de interesse e garantir a segurança dos turistas.
Para que cada ponto da superfície da Terra possa ser localizado em um mapa, foi criado o Sistema de Coordenadas Geográficas, um sistema de linhas imaginárias obtidas pela intersecção de meridianos e paralelos. As coordenadas geográficas são um sistema de referência utilizado para localizar qualquer ponto na superfície da Terra com precisão. Esse sistema baseia-se em duas medidas angulares principais: latitude e longitude. Juntas, elas formam uma grade imaginária sobre o globo terrestre.
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Os meridianos estão relacionados com os diferentes horários no planeta, por isso o guia de turismo deve conhecê-los, por meio da observação de mapas com as linhas dos meridianos e os fusos horários.
Mapa-múndi mostrando fusos horários de diferentes regiões do mundo, com destaque para o Meridiano de Greenwich (GMT) como a linha central. O mapa utiliza uma projeção Robinson e inclui uma escala gráfica no canto inferior direito (1:200.000.000), indicando fusos horários de -12 a +12, exibidos na parte superior do mapa. Há linhas verticais indicando os limites entre os fusos. Várias cidades estão marcadas em suas respectivas regiões, como Brasília, Nova Iorque, Moscou e Tóquio.
O mapa também é dividido por linhas paralelas, indicando a latitude – distância em graus de um paralelo à linha do Equador. Os valores de latitude variam de 0° (linha do Equador) a 90° (polos). Estão indicadas as posições do hemisfério Sul (S) e do hemisfério Norte (N).
É importante que o guia de turismo observe as linhas paralelas em um mapa, principalmente devido ao clima de cada região, pois elas ajudam nessa orientação.
No Brasil, as linhas paralelas indicam a diferença de clima entre os Estados. Os Estados localizados mais ao Sul do país pertencem à zona temperada, onde faz mais frio do que nos Estados brasileiros pertencentes à zona tropical. Na zona tropical, os Estados que mais se aproximam da linha do Equador são os mais quentes. Além das coordenadas geográficas, outro conhecimento importante é a formação das nuvens.
Formação das nuvens
Processo chamado de nebulosidade, resultado da condensação do vapor da água que está na atmosfera e se transforma em gotículas de água ou minúsculos cristais de gelo. A principal diferença entre os tipos de nuvem é a altura em que elas se formam ou onde está a sua base. Sua altura varia de acordo com a posição geográfica.
É importante sempre conferir o clima. Há algumas ferramentas que auxiliam o guia de turismo para facilitar o reconhecimento do clima. Conheça algumas delas a seguir.
Várias ferramentas e métodos, que fornecem previsões meteorológicas precisas em tempo real, podem ser utilizadas para a conferência do clima.
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Climatempo, AccuWeather, Weather.com e Google Weather são exemplos populares de aplicativos, fornecendo previsões meteorológicas diárias e semanais, incluindo informações detalhadas sobre temperatura, umidade, precipitação e ventos.
Climatempo, INMET (Instituto Nacional de Meteorologia), Weather.com e AccuWeather.com são sites confiáveis que permitem pesquisar previsões detalhadas inserindo o nome da cidade ou o local desejado.
Google Assistente, Alexa ou Siri são assistentes virtuais. É possível perguntar a eles sobre a previsão do tempo para um local específico.
Notícias locais geralmente têm segmentos de previsão do tempo, especialmente durante os telejornais da manhã e da noite.
Os símbolos de informação turística, assim como os mapas, permitem que o turista realize uma leitura dos espaços. A concepção dos símbolos baseia-se em pictogramas, que descrevem graficamente objetos, atividades ou conceitos por meio de desenhos figurativos, não verbais, devendo ser diretos e de fácil compreensão. A simbologia cartográfica consiste em uma combinação de recursos gráficos utilizados pela cartografia no processo de comunicação visual dos fenômenos geográficos por meio de diferentes formas de representação cartográficas, sobretudo, através de mapas (FONSECA; OLIVA, 2013 ).
Tabela com símbolos e cores usados em mapas. Do lado esquerdo, estão representações de vias, como metrô, rua principal, rua secundária, rio, caminho, ponte e pedágio, além de símbolos para limites de cidade, florestas e mar. No centro, há ícones para serviços e infraestruturas, como estação de ônibus, trem, aeroporto, hospital, hotel, restaurante, e áreas de lazer. Do lado direito, estão símbolos para espaços públicos, como áreas de estacionamento, parques e áreas de lazer. No canto inferior direito, há uma rosa dos ventos indicando direções.
Para o guia de turismo, os símbolos dos mapas são uma ferramenta indispensável, pois ajudam a entender e transmitir informações precisas sobre os terrenos e identificar pontos de interesse, rotas de transporte, trilhas naturais, locais históricos e áreas de perigo ou preservação ambiental. Além de passar as informações dos símbolos aos turistas, legendas também são uma ferramenta muito importante para orientação, contribuindo para uma experiência mais enriquecedora e segura, pois os viajantes conseguem se orientar melhor e explorar o destino com mais autonomia.
As legendas nos mapas desempenham um papel crucial na comunicação visual de informações geográficas, pois são a chave para interpretar corretamente o que cada símbolo, linha, cor ou padrão representa, transformando um simples conjunto de formas gráficas em uma representação significativa do espaço geográfico. Sem legendas, seria difícil de decifrar os mapas, especialmente aqueles que contêm dados mais complexos ou específicos. Cada símbolo ou cor na legenda corresponde a um item específico, como:
Vias de transporte: estradas, ferrovias, metrôs.
Recursos naturais: rios, montanhas, florestas.
Infraestrutura: hospitais, aeroportos, postos de combustível.
Limites territoriais: cidades, estados, países.
A legenda de um mapa oferece uma solução para decifrar símbolos, cores e escalas que representam características naturais, infraestrutura, serviços e outros elementos importantes no terreno. Contudo, mapas físicos perderam força com a chegada da era digital, surgindo tecnologias como a cartografia digital, para auxiliar na orientação de mapas e guiamentos em trilhas e áreas remotas, envolvendo GPS e aplicativos para mapeamento das áreas.
Com o avanço da tecnologia, a cartografia digital tornou-se uma ferramenta indispensável no setor de turismo. A cartografia digital envolve o uso de sistemas de informação geográfica (SIG), GPS e aplicativos de mapeamento on-line, como o Google Maps, para criar mapas interativos e dinâmicos. Esses mapas oferecem atualizações em tempo real, navegação por GPS e informações detalhadas sobre destinos turísticos.
Para os guias de turismo, a cartografia digital tem revolucionado a maneira de planejar e conduzir excursões. Agora, é possível criar roteiros personalizados, com informações geográficas precisas e interativas, além de acessar dados em tempo real, como condições climáticas e trânsito. Isso permite maior flexibilidade e segurança durante a condução de grupos.
O guia de turismo utiliza a cartografia, tanto tradicional quanto digital, para desempenhar diversas funções essenciais, como:
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Elaborar percursos otimizados e acessíveis, evitando áreas de risco e maximizando a experiência dos turistas.
Usar mapas e dispositivos GPS para guiar turistas por trilhas, locais históricos ou pontos de interesse, com segurança e eficiência.
Em passeios em áreas naturais, a cartografia ajuda a destacar características geográficas e ecológicas, promovendo a conscientização sobre a conservação.
No turismo de base comunitária, a cartografia é usada para identificar e valorizar pontos de interesse cultural e social, que são de importância para a comunidade local.
A integração da cartografia digital no turismo é um avanço crucial para a eficiência, a sustentabilidade e a qualidade das experiências turísticas, permitindo que os guias ofereçam roteiros mais detalhados e interativos, por meio de aplicativos de navegação que proporcionam satisfação aos turistas e menor impacto sobre os destinos visitados.
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Como um recurso integrado, com compartilhamento de localização nas redes sociais ou rotas para caminhadas, as versões básicas são gratuitas, embora muitos deles ofereçam recursos pagos para utilização em modo off-line.
Veja alguns exemplos de aplicativos:
Google Maps: é o mais completo em recursos, fornece rotas precisas e é mais eficiente em termos de consumo de dados.
Maps.me: é um aplicativo móvel que fornece mapas off-line usando dados do OpenStreetMap.
GPS Gaia: permite a criação prévia, a gravação em tempo real e o compartilhamento de tracklogs.
Wikiloc: permite descobrir e explorar as melhores trilhas perto de onde você está, seguindo com o auxílio de indicador de direção, bússola e alertas de som que avisam quando você se afasta da rota, sem necessidade de internet.
Imagem mostrando quatro telas do aplicativo Wikiloc. A primeira tela exibe uma lista de rotas disponíveis, incluindo o “Caminho de Santiago”, com informações como distância e dificuldade. A segunda tela mostra o progresso de uma rota, com detalhes como distância restante, velocidade média e tempo em movimento. A terceira tela exibe um mapa com a rota “Palas de Rey – Arzúa” e um gráfico de elevação. A quarta tela apresenta estatísticas detalhadas da rota, como distância, dificuldade, tempo estimado e elevação.
O aplicativo auxilia guias de aventuras, trilheiros e montanhistas a se localizarem em regiões pouco exploradas pelos humanos, por meio de trilhas autoguiadas pelo aplicativo. Veja os tipos de trilhas existentes e como classificá-las.
Existem diferentes tipos de trilhas, que podem ser classificadas de acordo com o traçado, a dificuldade e as características biofísicas. As trilhas podem ser circulares, em oito, lineares de ligação ou travessia, técnicas ou mistas, conforme o traçado, classificadas como fáceis, moderadas, difíceis ou muito difíceis, de acordo com a sinalização, as bifurcações e o traçado, incluindo a classificação de acordo com o esforço físico, a exposição ao risco, a orientação e a insolação. A trilha é uma atividade física aeróbica que consiste em caminhar em trilhas naturais, buscando contato com a natureza. As principais diferenças entre trilha e trekking são a duração, a intensidade e a complexidade da experiência.
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No contexto do turismo moderno, as práticas do guia de turismo têm evoluído para incorporar tanto habilidades tradicionais quanto o uso de tecnologias avançadas, como a cartografia digital, e envolvem o planejamento detalhado dos roteiros e a prática em mapas interativos e atualizados em tempo real, com aplicativos de navegação. A cartografia digital permite ao guia ajustar as rotas em tempo real, escolher percursos mais fáceis ou desafiadores, ou ainda recomendar pontos de interesse de acordo com o que o grupo deseja explorar.
Além disso, com o suporte de ferramentas de comunicação e cartografia digital, o guia de turismo deve atuar também como promotor de práticas sustentáveis, educando os turistas sobre a importância da conservação ambiental e cultural, com o uso de ferramentas digitais. Após compreender os desafios enfrentados por um guia sem o uso adequado da cartografia, fica evidente o papel fundamental dessa ferramenta para garantir não apenas a segurança, mas também para promover práticas responsáveis e respeitosas em relação à cultura e ao meio ambiente no turismo.
Guia: Vamos seguir este caminho. Ele evita áreas sensíveis e mantém a experiência completa.
Turista: Essas áreas protegidas já estão mapeadas? Guia: Sim, usamos a cartografia para planejar as rotas de maneira responsável.
Turista: Adorei o passeio! Além de aproveitar, a gente também aprende. Guia: Este é o objetivo: turismo de qualidade aliado à preservação.
Os guias de turismo precisam estar preparados para lidar com emergências e imprevistos, como alterações climáticas, problemas de saúde de turistas ou mudanças na rota. O uso de sistemas de comunicação permite a rápida localização de hospitais, abrigos ou pontos de apoio, bem como a reprogramação imediata de rotas para garantir a segurança.
A cartografia tem desempenhado um papel vital no desenvolvimento do turismo. Desde os conceitos fundamentais de representação do espaço até sua evolução tecnológica, com a cartografia digital, enquanto ciência, sempre foi uma ferramenta indispensável para a navegação, o planejamento e a exploração de destinos turísticos. Com a chegada da cartografia digital, essa ferramenta se tornou ainda mais poderosa e acessível, permitindo uma navegação em tempo real e detalhada, facilitando a criação de mapas interativos, rotas otimizadas e a descoberta de novos destinos. No setor do turismo, essa tecnologia transformou a forma como turistas e profissionais lidam com a exploração de territórios, tornando a experiência mais intuitiva e segura.
Nesse cenário, as práticas do guia de turismo também se modernizaram, incorporando o uso da cartografia digital em suas funções diárias. Além das funções tradicionais de orientação e interpretação cultural, os guias de turismo agora podem oferecer uma experiência mais personalizada, segura e rica, pois, graças ao uso dessas tecnologias, conseguem adaptar rotas em tempo real, proporcionar maior segurança aos grupos e otimizar o tempo dos visitantes, tudo com base em mapas e dados digitais. Em suma, a cartografia e sua evolução para o meio digital são fundamentais para o turismo moderno, pois não só facilitam a navegação e o planejamento, como também contribuem para a personalização e a segurança das experiências turísticas.