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A cadeia produtiva do turismo consiste na conexão entre diferentes empresas que oferecem produtos e serviços, tanto de natureza tangível quanto intangível. O objetivo dessas organizações é atender às necessidades dos turistas e ampliar sua presença em novos mercados, incentivando o aumento do fluxo de pessoas em um determinado destino. Neste material, você verá que o guia de turismo é uma parte fundamental dessa cadeia, conectando os turistas a diversos serviços necessários e contribuindo diretamente para o fomento do turismo.
A Organização Mundial do Turismo (OMT) define o turismo como um motor importante para o crescimento econômico global, responsável por gerar empregos e promover o desenvolvimento regional. Segundo dados da OMT, o turismo representa cerca de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial, demonstrando sua relevância para a economia. No Brasil, o turismo também desempenha papel estratégico, sobretudo em regiões com elevado potencial natural e cultural, onde a cadeia produtiva do setor pode contribuir significativamente para o desenvolvimento local (Ministério do Turismo, 2021).
Compreender como está estruturada a cadeia produtiva do turismo é um conhecimento necessário para entender o funcionamento e o papel dos diversos setores que constituem este fenômeno dinâmico que é o turismo. A cadeia produtiva no turismo abrange vários segmentos, como transporte, hospedagem, alimentação, agências de viagens, guias de turismo, entretenimento e cultura. Diferentemente de outros segmentos, a cadeia produtiva no turismo é singular, pois seu momento produtivo acontece simultaneamente com o consumo. Ou seja, se o turista compra um determinado pacote de viagem, ele poderá consumir esse serviço somente na data planejada, o que caracteriza essa interdependência dos setores que constituem a atividade turística. Para que você possa desenvolver a competência de planejar roteiros e itinerários turísticos, é fundamental entender a importância do guia de turismo na construção de roteiros turísticos bem planejados, por meio dessa perspectiva integrada entre os setores que fazem parte do processo, considerando experiências significativas para os turistas e ao mesmo tempo respeitando às comunidades receptoras e os ambientes locais.
Para iniciar, serão explorados os fundamentos do turismo para o planejamento eficaz de roteiros considerando as necessidades e as expectativas dos turistas. Nesse cenário, é fundamental considerar também a hospitalidade como aspecto central do planejamento de roteiros, garantindo que os estabelecimentos e os serviços escolhidos para compor o roteiro sejam acolhedores, prezando pelo bem-estar e a segurança dos turistas. Por meio da sociologia do turismo, será abordada a importância de se entender os aspectos sociais e culturais para criar roteiros que pensem nas comunidades locais, em que o guia de turismo será uma pessoa-chave na construção de relações positivas e respeitosas. Você estudará os principais equipamentos e serviços que compõem a infraestrutura necessária ao turismo, como meios de hospedagem, transporte, agências de viagem, serviços de entretenimento e lazer, além do setor de alimentos e bebidas. Por fim, serão vistos os conceitos de oferta e demanda e como esses fatores influenciam diretamente no planejamento dos roteiros. É importante ressaltar também que o planejamento eficaz de roteiros turísticos dependerá da compreensão e da integração de todos esses conhecimentos, permitindo que você, futuro guia de turismo, desenvolva roteiros que sejam atrativos para os turistas e benéficos para os destinos visitados.
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Inicialmente, é importante conhecer a definição de turismo. O turismo compreende um sistema de serviços com finalidade única e exclusiva de planejamento, promoção e excursão de viagem, é uma atividade complexa e multifacetada, envolvendo vários segmentos da economia, como transporte, hospedagem, alimentação, entretenimento e agenciamento de viagens. Segundo a Organização Mundial do Turismo, o turismo é “o conjunto de atividades realizadas por pessoas durante suas viagens e estadas em locais fora de seu ambiente habitual, por um período consecutivo inferior a um ano, para lazer, negócios ou outros fins que não sejam remunerados pela atividade no destino visitado” (OMT, 2001, p. 38). Como é possível observar, o turismo pode ser visto de duas formas: como atividade econômica, gerando emprego e renda para diversos setores, e como a atividade do turista, voltada a viagens para locais de seu interesse. Como profissional do turismo, é preciso sempre ter um olhar para ambas as abordagens, entendendo a grandiosidade que esse setor representa para o todo, contribuindo para o desenvolvimento das localidades e a qualidade de vida das pessoas que viajam.
Do ponto de vista econômico, o turismo é globalmente um dos maiores propulsores das economias, contribuindo para o crescimento de diversas economias, gerando receita, ajudando o desenvolvimento regional, fomentando o comércio e a produção, valorizando a identidade local e auxiliando na redução da pobreza e da desigualdade. Esses são apenas alguns exemplos que podem ser citados, pois o setor impacta diversas outras atividades de forma direta ou indireta, transformando positivamente a sociedade e o meio ambiente quando bem planejado.
Por meio dessa movimentação das pessoas gerada pela atividade turística, a percepção de mundo dos indivíduos se transforma, diminuindo a distância física e cultural entre diferentes povos, ajudando também na compreensão e na aproximação com o diferente. Essas interações culturais são muito positivas para o turismo.
Nesse contexto, é importante conhecer quem são os principais agentes envolvidos nessas interações complexas:
O diálogo entre os agentes envolvidos no turismo é fundamental, pois cada um deles tem um papel crucial para desempenhar em prol do desenvolvimento do setor. As empresas privadas, como meios de hospedagem, restaurantes e agências de turismo, são responsáveis por fornecer serviços e produtos de qualidade aos turistas, enquanto os órgãos públicos têm o dever de promover e fomentar o turismo, por meio de investimentos em infraestrutura e divulgação. É possível perceber que esses agentes exercem papeis complementares para o setor, como alicerces que sustentam uma construção: se um dos alicerces não estiver firme o suficiente, poderá impactar toda a estrutura.
O turista, o excursionista e o visitante
Da mesma forma que o turismo apresenta definições diferentes na literatura, é possível encontrar muitas definições para palavra “turista”. Para fins estatísticos, esses consumidores podem ser classificados como turistas, excursionistas ou visitantes. O turista é conhecido como aquele que viaja com o objetivo de recreação. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), turista é:
Toda pessoa, sem distinção de raça, sexo, língua, religião, que ingresse no território de uma localidade diversa daquela que tem residência habitual e nele permaneça pelo prazo mínimo de 24 horas e máximo de seis, no transcorrer de um período de 12 meses, com finalidade de turismo, recreio, esporte, saúde, motivos familiares, estudos, peregrinações religiosas ou negócios, mas sem proposta de imigração.
Quando o visitante não pernoita em uma determinada localidade turística, ele é considerado “excursionista”. Já o termo “visitante” descreve a pessoa que visita um país que não seja o de sua residência, por qualquer motivo, e não venha a exercer ocupação remunerada. É um termo mais genérico que pode englobar turistas e excursionistas.
Você já parou para pensar por que o profissional guia de turismo precisa entender essas diferenças?
Essas diferenças são importantes para que se possa identificar o perfil de viajante que visita a localidade. A distinção entre esses conceitos influencia diretamente o planejamento de roteiros, as necessidades do turista no destino e os serviços complementares que ele poderá precisar.
A modalidade de viagem também é considerada um fator importante para entender como se dão as dinâmicas de deslocamento a partir da origem do turista:
Classificação e modalidade de turismo (de acordo com o destino das viagens)
Local: entre municípios vizinhos.
Regional: em locais em torno de 200 a 300 km de distância da residência do turista.
Interno ou doméstico: dentro do país de residência do turista.
Externo ou internacional: fora do país de residência do turista.
Ao entender os fundamentos do turismo, os profissionais envolvidos na cadeia produtiva do turismo estão mais preparados para o planejamento de experiências turísticas completas e bem-sucedidas.
Vale destacar que, quando se planeja um roteiro turístico, além de serem considerados os atrativos turísticos e as necessidades do público, é necessário garantir que os turistas encontrem locais que ofereçam serviços pensados para suas necessidades, que prezem pelo acolhimento e a qualidade, como pousadas que recebem bem os hóspedes, restaurantes com bom atendimento e até serviços de transporte que ofereçam conforto.
Você percebe como os detalhes fazem toda a diferença?
Por exemplo, você recebeu um turista para pernoitar na cidade e escolheu um restaurante com ótimas comidas típicas da região. Porém o pedido levou muito mais tempo para chegar do que foi informado ou o atendimento foi feito de forma apressada. Isso vai impactar diretamente na percepção da viagem pelo turista e no acolhimento recebido na localidade. Nesse contexto, é preciso entender um pouco mais sobre hospitalidade e sua importância na elaboração de roteiros e itinerários turísticos.
Agora veja, na prática, um exemplo do que pode acontecer quando os fundamentos do turismo não são seguidos.
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Você já parou para refletir que existem lugares onde você se sente mais à vontade que em outros? Alguns aspectos levam o ser humano a ter essa percepção, desde um sorriso acolhedor, uma ajuda inesperada ou um ambiente confortável. Esses detalhes trazem a percepção que é intrínseca à hospitalidade, o ato de bem-receber as pessoas em um determinado local. O termo hospitalidade tem origem no latim hospitalitas que remonta a hospes, significando “aquele que recebe o outro”.
É difícil precisar durante a história o momento que a hospitalidade se manifestou pela primeira vez, mas pode-se afirmar que ela existe desde o instante que um ser humano passou a se relacionar com outro, principalmente com a necessidade de viajar longas distâncias. Existem algumas linhas de pensamento para o conceito de hospitalidade, neste material, será abordada a perspectiva do âmbito do turismo, como um grande diferencial na elaboração de roteiros e fidelização dos turistas.
Segundo Vilkas, Rodrigues e Antunes (2020, p. 2): “A hospitalidade é resultado de uma troca simbólica ou material, de produtos ou serviços, provém do ato de dar e receber, é capaz de estabelecer um relacionamento novo entre desconhecidos assim como pode alavancar um relacionamento já estabelecido”. | Conforme Grinover (2002, p. 26), “Hospitalidade quer dizer: recepção de hóspedes, visitantes, viajantes, podendo ser simplificada no ato de bem receber”. | Para Montandon (2011), a hospitalidade não deve ser percebida somente na oferta de alimentação ou abrigo, para criar vínculo social, sociabilidade e valores de solidariedade, é preciso relação interpessoal. |
De acordo com as descrições sobre hospitalidade, pode-se dizer que ela está presente por meio de bens tangíveis, como um lugar seguro e confortável para dormir e uma boa alimentação. Porém a hospitalidade vai além das questões físicas, pois pressupõe cuidado com o outro e atenção aos detalhes, assim o turista se sentirá de fato bem recebido. Confira alguns exemplos de como a hospitalidade pode se manifestar.
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Um roteiro turístico bem planejado deve considerar a escolha de espaços como restaurantes, hotéis, receptivos turísticos que prezem pelo bom atendimento, com profissionais preparados para bem-receber os visitantes prezando pela gentileza e o atendimento às necessidades dos clientes. No próximo exemplo, um restaurante temático em Foz do Iguaçu, com apresentação cultural italiana, em um ambiente aconchegante, com toalhas xadrez e luz suave, contribui para um clima de hospitalidade e celebração da cultura.
Fotografia de uma apresentação cultural italiana em um em um restaurante temático. No centro, há um casal de dançarinos trajado com roupas tradicionais. A mulher usa um vestido preto e vermelho com detalhes verdes e o homem calça e colete pretos, com suspensório, vestimentas típicas italianas. É uma dança folclórica, em que seguram lenços coloridos enquanto giram. Um deejay está operando uma mesa de som e algumas pessoas assistem à apresentação sentadas às mesas.
O guia de turismo é uma pessoa-chave na percepção dos visitantes sobre a hospitalidade do roteiro como um todo. Buscar sempre uma atmosfera amigável e acolhedora desde o primeiro contato ajudará a estabelecer esse tom positivo para as relações. A prestação de informações turísticas que conectam o visitante à cultura da localidade, respeitando as comunidades visitadas e suas normas, e a promoção da cultura local, como culinária, música e tradições locais, também representam ações de bem-receber na experiência do turista. Por exemplo, na imagem a seguir, um guia de turismo sorridente interage com seu grupo em um passeio cultural ao ar livre. Ele está fornecendo informações, e todos no grupo estão sorrindo ou prestando atenção, o que transmite um ambiente de descontração e hospitalidade. A cena reflete a importância do relacionamento entre o guia e os turistas, evidenciando sua hospitalidade por meio da atenção, da simpatia e do compartilhamento de conhecimento sobre o destino.
Fotografia diurna de um guia de turismo sorridente interagindo com um grupo de turistas à sua volta, ao ar livre, em um passeio cultural. O guia está sorrindo enquanto fornece informações ao grupo, que está prestando atenção, em um ambiente de descontração e hospitalidade.
Disposição em atender às necessidades específicas dos turistas, como acessibilidade para pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida, opções para dietas personalizadas, como vegetariana, vegana e sem glúten, e atendimento a grupos com perfis diversos é uma abordagem inclusiva que mostra um compromisso com o bem-estar de todos os visitantes durante a viagem. No exemplo da imagem a seguir, há um grupo de pessoas idosas tomando café da manhã, com alimentos e bebidas variados e uma atmosfera que transmite o bem-estar e o cuidado na preparação desse momento hospitaleiro.
Fotografia de um grupo de pessoas idosas reunidas em uma mesa, sorrindo e conversando. Há um bolo sobre a mesa, com uma xícara para cada pessoa, de café ou chá. Eles estão descontraídos, em um ambiente que transmite amizade e de bem-estar.
Nos exemplos apresentados, foi possível visualizar o conceito de hospitalidade, que é tão importante para os profissionais do turismo, e sua percepção pelo turista. O guia de turismo é uma pessoa-chave para criar essa atmosfera de acolhimento. Incorporar práticas norteadas pela hospitalidade no planejamento do roteiro promove um serviço de qualidade e competitivo em relação à concorrência.
Em sua opinião, quais aspectos da hospitalidade podem ser aperfeiçoados para proporcionar uma experiência autêntica e acolhedora aos turistas de sua região?
A hospitalidade é um dos pilares essenciais do turismo e inclui a arte de bem-receber, proporcionando uma experiência positiva ao visitante. No entanto, o aumento exponencial do número de turistas em destinos populares tem gerado um fenômeno conhecido como “overturismo”. Esse termo descreve a saturação de locais turísticos, onde a presença excessiva de visitantes começa a impactar negativamente tanto a qualidade de vida dos moradores locais quanto o meio ambiente. Mas como ter um ambiente hospitaleiro em meio a esse cenário? As noções de hospitalidade contêm lições importantes no combate ao “overturismo”. O bem-receber precisa ser ampliado, não se tratando apenas de um anfitrião e alguém que o recebe, mas do cuidado com a comunidade local, que precisa fazer parte dessa equação. Esse fenômeno não é novo, mas está ficando cada vez mais em evidência, principalmente em grandes cidades receptoras de visitantes, como na Europa, por exemplo, em Barcelona, Veneza, Amsterdã, entre outras cidades, que estão vendo a qualidade de vida do morador decair à medida que o turismo cresce. No Brasil, já aparecem sinais dessa alta ocupação em cidades como Florianópolis (SC), Búzios (RJ) e Praia da Pipa (RN).
Conforme Goodwin (2017), o “overturismo” descreve uma situação em que o excesso de visitantes provoca nos turistas a sensação de que a qualidade da experiência se deteriorou, e para os moradores locais, a sensação de deterioração da qualidade da vida cotidiana. É o oposto do turismo sustentável e respeitoso, que deve ser prezado pelos profissionais da área.
A Organização Mundial do Turismo (2019) listou as seguintes estratégias que estão sendo desenvolvidas nos principais centros receptores vitimados pelo “overturismo”:
Conforme Camargo (2019), nota-se que das 11 estratégias listadas pela OMT, duas (6 e 8) dizem respeito exclusivamente aos benefícios aos moradores e três (7, 9 e 10) falam da interação entre visitantes e visitados. Uma evidência da aproximação dos conceitos turismo e hospitalidade, que trata de relações humanas no turismo. É claro que não existem respostas simples para questões complexas como essas, mas encontrar o equilíbrio é o melhor caminho, de acordo com Marodin, Mecca e Conto (2024), “a oferta turística precisa ser amiga do ambiente, respeitosa com a comunidade, mas também economicamente viável e lucrativa”.
Para traçar roteiros turísticos bem planejados, é necessário buscar o equilíbrio de interesses e entender o impacto de suas ações. Mantenha os visitantes de forma menos impactante, garantindo que o encanto das cidades seja preservado por todos.
Em destinos turísticos populares, como comunidades tradicionais ou áreas naturais preservadas, a hospitalidade pode sofrer mudanças para atender à demanda do turismo de massa. O guia de turismo deve estar atento a como isso afeta as tradições locais e como manter um equilíbrio entre atender bem os turistas e preservar a autenticidade das práticas culturais locais. Ações como criação de roteiros em baixa temporada, horários de visitação alternativos, limite de visitantes e diversificação de destinos turísticos também podem ajudar a reduzir os impactos do turismo em excesso.
É possível perceber que a hospitalidade se apresenta como um tema central na elaboração de roteiros, pois está diretamente ligada à experiência do turista, sendo um dos fatores determinantes para a satisfação e a fidelização dos clientes. A hospitalidade envolve a prestação de serviços de qualidade em ambientes acolhedores, incluindo desde a recepção até o atendimento em estabelecimentos turísticos. A competitividade entre destinos turísticos está cada vez mais assentada na experiência do turista, e a hospitalidade é um dos principais fatores que pode diferenciar um destino de outro, assim como o combate ao “overturismo” como forma de manutenção de ambientes com qualidade de vida para todos. Quando se planeja um roteiro turístico, incorporar serviços e prestadores de serviço com alto nível de hospitalidade pode ser um grande diferencial, aumentando a satisfação do turista e favorecendo o retorno ou a recomendação do destino.
A hospitalidade envolve a criação de uma atmosfera de acolhimento, o que, muitas vezes, depende de como os anfitriões percebem os turistas. A sociologia do turismo ajuda a entender que a percepção de quem chega (turistas) e de quem recebe (comunidades locais) é moldada por fatores como estereótipos, preconceitos e expectativas culturais. Quando essas percepções são positivas, a hospitalidade tende a ser mais calorosa e receptiva; quando há tensão ou desconfiança, pode haver barreiras no acolhimento.
Ao planejar roteiros internacionais, com visitas a países com culturas muito diferentes da cultura dos turistas, o guia precisa preparar os viajantes para essas diferenças culturais, que podem influenciar a hospitalidade.
Você deve considerar atrações e serviços em seus roteiros, mas também como as interações são moldadas pelas dinâmicas sociais e culturais, garantindo que a hospitalidade oferecida seja autêntica, respeitosa e promova uma troca positiva entre turistas e anfitriões. Essa integração é essencial para criar experiências turísticas enriquecedoras e sustentáveis, tanto para quem viaja quanto para quem está recebendo visitantes. Estude a seguir a sociologia do turismo e descubra como essas interações influenciam diretamente nas relações sociais.
O turismo pode gerar transformações significativas nas práticas de hospitalidade de uma região, alterando costumes tradicionais ou criando dinâmicas de relacionamento entre locais e visitantes. A sociologia do turismo ajuda a compreender como se dão as interações sociais e culturais envolvidas na experiência turística por meio do estudo do turismo como fenômeno social. Segundo Monlevade (2010), “Como nos ramos da sociologia geral, a sociologia do turismo busca analisar o comportamento do ser humano durante as viagens, as relações com as comunidades receptoras e os impactos sociais provocados por esta atividade”. Ao desempenhar suas funções, o guia de turismo interage com diferentes públicos, incluindo clientes, comunidade visitada e prestadores de serviços. Dessa forma, é necessário conhecer mecanismos para promover uma melhor integração entre todos ou saber como lidar em situações conflitantes e possíveis impactos gerados pelas interações sociais.
É primordial entender que, antes de ser uma atividade econômica, o turismo é essencialmente uma experiência que envolve pessoas. Buscar noções sobre os efeitos do turismo na cultura local e o comportamento dos turistas e seus impactos contribui para a criação de roteiros respeitosos, evitando introduzir práticas que possam ser vistas como invasivas ou incômodas para a vida local.
Você já notou que alguns comportamentos podem ser comuns em alguns lugares, mas reprováveis em outros? Um exemplo clássico é o toque físico. No Brasil, o contato físico durante uma conversa, como um toque no braço ou abraços, é comum e visto como uma forma de proximidade e simpatia. No entanto, em países como o Japão, o contato físico entre pessoas que não são próximas pode ser visto como invasivo ou desrespeitoso. Isso ocorre porque diferentes culturas têm valores e normas de conduta diferentes. O beijo do rosto é outro exemplo comum, mesmo dentro do país, essa prática não é comum em todos os lugares do Brasil, refletindo as diferentes culturas existentes. Essas diferenças mostram como normas e comportamentos podem variar, e estar atento a essas nuances ajudará a planejar experiências turísticas que prezem por interações harmoniosas.
Em relação às interações provenientes da atividade turística, é necessário analisar mais profundamente esse fenômeno. A sociologia do turismo mostra que essas trocas podem gerar transformações que vão além de normas de conduta. O turismo exerce um impacto significativo nas comunidades locais e vice-versa, gerando mudanças sociais, econômicas e culturais. Esses impactos podem ser positivos, como a geração de emprego e o intercâmbio cultural, ou negativos, como o “overturismo” e a “gentrificação”.
A OMT (2003) cita uma série de efeitos positivos e negativos gerados pelas interações entre turistas e moradores locais, conheça-os a seguir.
Impactos positivos
No plano cultural, o turismo contribui para a preservação do patrimônio histórico, artístico e cultural; gera uma atividade socioeconômica sobre o mercado receptor e cria-se empregos; facilita os laços de comunicação e entendimento entre os povos e sociedades que produzem problemas raciais ou de xenofobia; no âmbito trabalhista, produz aumento social de emprego e criação de novos postos de trabalho; pode permitir a comunicação e a paz com os mercados emissores.
Impactos negativos
Efeitos de aculturação e imitação: se produzem trocas nos gostos e hábitos de cultura da comunidade receptora, ao estar exposta aos hábitos e gostos da emissora (horários, atividades de descanso, comidas, vestuário, trato pessoal, gostos sexuais modificados); estabelece trocas urbanísticas, ambientais e arquitetônicas que influenciam e modificam a demografia do mercado receptor; pode produzir fenômenos de repetição; modificação da sociologia rural e urbana ao receber de forma regular correntes turísticas massivas; instabilidade do mercado receptor por motivos políticos (ditadura, estado de exclusão) e sociais (regras, insegurança, severas normas de circulação) produz redução do fluxo; prejuízos e barreiras sociais por intolerância, indiferença, xenofobia, racismo, idioma; pode, ao contrário, ser objeto de ambientes que repercutem negativamente nas relações turísticas futuras; problemas com a gastronomia (água potável); boa ou má atenção médico-sanitária: controle da higiene e limpeza nos lugares turísticos.
Veja um exemplo de roteiro com base em princípios sociológicos que respeitam o contexto social, promovendo o desenvolvimento sustentável, a valorização das culturas locais e a participação ativa das comunidades receptoras, evitando impactos negativos do turismo.
Ecoturismo em Bonito (MS)
A cidade de Bonito é um dos destinos de ecoturismo mais reconhecidos no Brasil, com um modelo de turismo altamente regulado para evitar a degradação ambiental e os impactos negativos do turismo de massa. Os roteiros incluem mergulho em rios de águas cristalinas e visitas a cavernas e cachoeiras, sempre com o acompanhamento de guias de turismo especializados transmitindo a importância da preservação ambiental.
Benefícios para a comunidade: o ecoturismo gera empregos locais e incentiva a conscientização ambiental tanto dos turistas quanto dos residentes. Além disso, a implementação de políticas de limitação e controle de visitantes e o respeito às práticas de sustentabilidade ambiental evitam a exploração predatória do local.
O entendimento da sociologia do turismo ajudará o guia de turismo a planejar roteiros que respeitem as culturas locais, promovam interações autênticas e sustentáveis e gerem impactos sociais positivos, minimizando os negativos, como o exemplo citado em Bonito.
A partir de agora, conheça o estudo dos elos da cadeia de turismo.
Os equipamentos e os serviços turísticos constituem o conjunto de instalações, edificações e serviços necessários para as viagens turísticas. São compostos por diversos tipos de organizações para atender ao turista durante sua jornada, sendo um dos componentes centrais na cadeia produtiva do turismo. Conheça esses elementos fundamentais da elaboração de roteiros turísticos.
Com o intuito de aumentar a competitividade do setor hoteleiro nacional, o Ministério do Turismo (MTur) desenvolveu o Sistema Brasileiro de Classificação de Meios de Hospedagem (SBClass), com o objetivo de padronizar a oferta e qualificar ainda mais os serviços. Embora esse sistema de classificação tenha sido descontinuado, a idealização de matrizes para cada tipologia de meios de hospedagem foi um marco na padronização e na organização do setor hoteleiro no Brasil. O conhecimento sobre a lógica de categorização ainda é utilizado por profissionais da área, ajudando o guia de turismo a entender preferências e necessidades dos turistas e comunicar com clareza as diferenças entre os tipos de meios de hospedagem disponíveis.
Veja as categorias a seguir:
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Além da divisão por categoria, os tipos de hospedagem podem ser classificados conforme a configuração dos apartamentos ou o número de ocupantes. Essa distribuição é feita para organizar previamente as pessoas no meio de hospedagem escolhido. Seja uma pousada, hotel ou qualquer outro tipo de acomodação, é fundamental ter esta divisão de pessoas por acomodação. Ainda, no meio de hospedagem, pode haver mais de um tipo de apartamento disponível, classificado de acordo com sua comodidade. Veja exemplos dessas opções na imagem a seguir.
Ilustração com o seguinte conteúdo: no lado superior esquerdo, em letras maiores, saiba mais, com o símbolo de mais, ao lado, em fonte menor, há o texto: existem tipos de apartamentos diferenciados que podem ser classificados de acordo com o número de pessoas no apartamento: SGL (single), individual, com a figura de uma cama de solteiro acima; DBL (double), duplo casal ou twin, (duas camas de solteiro), com as figuras de duas camas de solteiro ou uma de casal acima; TPL (triple), triple, com a figura de três camas de solteiro acima; QDP (quadruple), quádruplo, com a figura de quatro camas de solteiro acima. No canto inferior direito, há o conteúdo: Podem ser classificados, também, com relação às comodidades, Standard, Luxo, Suíte, entre outros. Além disso, os meios de hospedagem possuem outros setores como recepção, governança, podendo ter, ainda, em sua estrutura, alimentos e bebidas, como cozinha, adega, restaurante, bar, cantina e despensa, e contando, também, com estacionamento externo, garagem interna e área de lazer.
Para a realização de uma viagem turística, é necessário o uso de um ou mais meios de transporte, desempenhando um papel central na cadeia produtiva do turismo para a realização dos roteiros. Os turistas podem sair do local de origem (núcleo emissor) e chegar ao destino turístico (núcleo receptor) por diferentes meios de transporte, como terrestre, aquático, ferroviário ou aéreo. O transporte, para o turismo, também poderá integrar diferentes destinos e atrações turísticas, permitindo que a estruturação do roteiro inclua diversos locais, otimizando tempo e recursos quando bem planejado dentro de um itinerário turístico. Sem a existência de sistemas de transporte adequados, o acesso aos destinos e o deslocamento dentro deles ficam comprometidos, impactando negativamente a competitividade e o desenvolvimento turístico. Alguns desses meios podem ser diferenciados entre os transportes para a destinação turística e os transportes na destinação turística. A escolha do meio de transporte, muitas vezes, está ligada ao propósito da viagem. Segundo Cooper (2001), a escolha que os visitantes fazem dos meios de transporte é afetada por:
Como o deslocamento é um elemento básico para que o turista chegue ao local turístico escolhido, a imagem que ele tem da viagem se forma desde o momento de embarque no meio de transporte escolhido. Havendo uma falha, todo o sistema hospitaleiro será prejudicado. Por isso, é necessário voltar a atenção para a qualidade nos serviços oferecidos, buscando, na elaboração de pacotes turísticos, escolher qual o meio de transporte mais adequado, o trajeto melhor a percorrer e os benefícios para o turista em sua escolha, atentando-se sempre para horários, recepção, conforto, aparência externa e interna. Nesse sentido, todos esses fatores são imprescindíveis para a hospitalidade do turista, evitando, assim, a imagem negativa quanto ao produto e seus intermediários envolvidos no serviço prestado.
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No mercado de turismo, as empresas de viagens e turismo são geralmente chamadas de operadoras turísticas e são responsáveis por todas as etapas de operação das viagens, incluindo organização, contratação, promoção e execução dos roteiros. Já as agências de viagens têm a função de comercializar esses programas criados pelas operadoras diretamente para os interessados, os turistas.
O guia de turismo vai trabalhar diretamente em operadoras turísticas, no setor operacional, com a organização, a elaboração e a realização de roteiros turísticos ou apenas sendo contratado por esse setor para realizar o guiamento dos roteiros turísticos. Além das agências de viagens e das operadoras turísticas, pode-se encontrar outros tipos de empresas de agenciamento com características específicas.
Agências de viagens e turismo consolidadoras: são representantes de companhias aéreas que emitem bilhetes para as agências de viagens que não têm credenciais para tal fim. | Agências de viagens receptivas: são empresas que prestam serviços às operadoras de turismo ou às agências de viagens no próprio destino por meio de traslados, city tour ou sightseeing e passeios extras ou opcionais. |
Em geral, as funções essenciais das agências de turismo se concentram nos seguintes papéis:
No entanto, além das agências de turismo receptivas, outros locais também têm a função de assistência ao visitante, como as Centrais de Informações Turísticas (CIT), que se constituem em postos de atendimento aos turistas nas cidades. É o órgão oficial de turismo, e geralmente são instaladas em pontos considerados estratégicos para os viajantes. Seu objetivo fundamental é disponibilizar dados e serviços atualizados de lazer e turismo e orientar turistas. As informações são apresentadas basicamente por meio de folheteria e mapas, que nem sempre são organizados em forma de roteiros. É uma importante ferramenta de pesquisa e informação para os guias de turismo.
Nas cidades turísticas, existem demandas por parques, complexos esportivos e de lazer, entre outras atividades. Sendo assim, conforme aumenta o volume da demanda por esses serviços de entretenimento e lazer, aumenta a necessidade de desenvolvimento das atrações com estruturas artificiais para satisfação tanto do turista quanto da comunidade local.
Muitas atrações artificiais são produtos da história e da cultura. A variedade de galerias de arte e museus nas principais atrações turísticas do mundo é geralmente muito grande e com temas bem específicos, capazes de satisfazer os interesses do público pelo passado.
Para entender melhor esse mercado, é importante considerar que o entretenimento se refere às atividades relacionadas à qualidade de vida e aos locais destinados a propiciar diversão, dotados de equipamentos e serviços indispensáveis à atividade turística. Entre as atividades de entretenimento estão bares, clubes, estádios, mirantes, centros de exposições e convenções, danceterias, casas de espetáculos, cinemas e teatros, além dos parques de diversão, que mobilizam multidões de diversos pontos do país e são considerados os mais atrativos, por sua ampla infraestrutura de entretenimento, que atrai diversos públicos.
O viajante de hoje está buscando experiências que combinem seus interesses pessoais com entretenimento, ou seja, o público quer experimentar sons, cheiros e visões de uma forma que as atrações possam utilizar a tecnologia criativamente para aperfeiçoar a experiência do visitante. Dessa forma, é possível destacar a importância de agregar entretenimento de diferentes tipos nos itinerários e roteiros turísticos, considerando a demanda que se deseja atingir.
Fotografia diurna, com céu azul-claro, da entrada para o parque temático Beto Carrero World, com um castelo colorido em destaque.
Os produtos turísticos precisam atender às necessidades e às expectativas dos consumidores, e isso inclui o setor de alimentos e bebidas. Afinal, a alimentação é uma das necessidades básicas do ser humano. Considerando-se que serviços de alimentação são uma prática consagrada ao longo dos tempos, a descoberta de novos sabores ou simplesmente saciar um desejo, além de promover a sensação de prazer, está relacionado à cultura de um povo.
Cada consumidor tem interesses diferentes em momentos e situações diversas, havendo espaço para todo tipo de opção, desde apreciar uma refeição em um restaurante elegante e caro até recorrer a um prático fast food ou optar por algo mais intimista. Há também os interessados em se aventurar na gastronomia típica de uma localidade.
Compreender o serviço de alimentação como parte da oferta turística é analisar sua importância não somente como serviço prestado, mas, em alguns casos, como atrativo turístico, uma forma de expressão cultural por meio de pratos típicos, que despertam a curiosidade dos turistas.
Por esse motivo, a culinária regional de alguns locais é sua atração principal, constituindo uma forma de expressão em que geralmente são utilizados e valorizados os produtos e a matéria-prima desenvolvidos na própria região.
Cada lugar apresenta suas especialidades ou peculiaridades gastronômicas e, em algumas situações, uma localidade – seja cidade, estado ou país – está associada a um determinado prato ou alimento característico, ou seja, as pessoas associam um lugar a uma imagem, sabor ou cheiro. Pode-se exemplificar essa situação com a associação do acarajé à Bahia, do chocolate à Suíça, da feijoada ao Brasil, entre outras referências. Realizar uma refeição raramente é um ato que se faz em solidão, ou seja, vinculando esse fato à gastronomia, comer e beber geralmente são atos sociais, em que as pessoas se reúnem ao redor de uma mesa, para interagir e confraternizar socialmente.
O guia de turismo tem o dever de considerar esse fator como determinante em um planejamento de itinerário turístico. Considere a época ao incluir algum tipo de refeição, como, por exemplo, evitar refeições pesadas em uma programação de verão. Na programação, verifique se o grupo é homogêneo ou heterogêneo, se você incluirá a reserva de algum restaurante específico ou deixará como refeição livre. Nos casos de inclusão de refeição no itinerário turístico, agende o restaurante com antecedência e informe sobre alergias alimentares do grupo caso haja, a fim de verificar se há cardápios ou opções diferenciadas que atendam a essas restrições.
Você já passou pela experiência de chegar a uma cidade onde tudo funciona bem? É ótimo descobrir que é possível encontrar organização. Em uma viagem, sempre podem acontecer imprevistos que, com tranquilidade e conhecimento, um guia de turismo pode facilmente resolver. Mas, quando o local não tem infraestrutura, segurança, iluminação, transporte, acesso, comunicação, saneamento e atendimento de saúde, não é possível fazer com que o turista possa aproveitar tão bem a sua viagem. A infraestrutura turística contempla todos esses elementos que dão suporte ao desenvolvimento e à prática do turismo em uma localidade. Isso inclui tanto as infraestruturas básicas quanto as específicas para o turismo.
É necessário diferenciar a infraestrutura turística da infraestrutura básica. Para Beni (2002), a primeira dá-se devido ao fluxo turístico na localidade em questão, a fim de facilitar a prática do turismo (sinalização turística, por exemplo); e a segunda, trata-se de investimento público básico, fundamental para a qualidade de vida de todo e qualquer cidadão, como rede viária e de transporte, sistema de telecomunicações, distribuição de energia, captação de esgoto etc. Vale destacar alguns desses componentes, que devem ser considerados na estruturação de roteiros.
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Saneamento básico envolve tratamento de água, drenagem de águas pluviais e esgotamento sanitário e de resíduos sólidos. A água potável é essencial à vida do ser humano. Imagine um local maravilhoso para se visitar, que desperte o interesse de milhões de pessoas, mas que seja carente de água potável. Existe? Sim. A resposta é a Índia. A Índia é um dos países mais visitados do mundo, entretanto, apenas um em cada cinco turistas que desejam visitar esse magnífico lugar o faz de fato. A falta de esgotamento sanitário também é um problema para o turismo, pois pode afetar lagos, rios, mares e, por consequência, praias. Quando estão contaminadas, as praias tornam-se não balneáveis, o que impede o turismo voltado para sol e mar.
Sentir-se seguro é essencial para a comunidade e para o turista. O visitante deve ter a liberdade de andar nas ruas sem se preocupar com assaltos e poder confiar nas pessoas, contando com policiamento nas ruas. Em muitos locais, existem delegacias especiais para turistas. A presença de bombeiros, profissionais ou voluntários, e de um posto ou encarregado da Defesa Civil também é importante.
É importante que o turista possa contar com sistema de saúde, hospitais ou postos de saúde funcionando em sistema de plantão, além de farmácias 24 horas.
Um bom sistema de transporte é uma das bases para o desenvolvimento do turismo. Trata-se de um elemento fundamental de viabilização dos pontos turísticos, corroborando a importância de investimentos em novos espaços urbanos. A qualidade da infraestrutura é fonte estimuladora da atividade turística.
Comunicação é fundamental para o turismo. Primeiramente, ela é usada para atrair turistas; depois, para ajudar a orientá-los nas cidades que visitam. A comunicação compreende placas de sinalização nítidas em estradas de acesso; placas indicando disponibilidade de transporte; centros de informação; placas indicando a direção de atrativos turísticos (praias, museus, cachoeiras), postos de segurança e hospitais; placas com os nomes das ruas e numeração visível. As cidades devem oferecer também serviços públicos básicos de comunicação, como telefonia e acesso à internet.
É possível citar outros elementos que dependem de investimentos do poder público e impactam diretamente a experiência turística, como energia elétrica e iluminação pública, limpeza, vias de acesso e transporte. Esse conjunto de elementos, integrado com hospedagem, alimentação, agenciamento turístico, lazer, compras e entretenimento, contribui para o desenvolvimento do turismo em uma localidade.
O estudo da demanda turística é um importante instrumento de desenvolvimento turístico e elaboração de roteiros que atendam às expectativas do demandante, o turista. Uma vez que se conhece o perfil dos turistas de um destino, os gestores desse destino podem adequá-lo, de maneira que os visitantes usufruam completamente do produto turístico. Uma das características da atividade turística é a especificidade de seus produtos, o que sugere que a identificação da demanda que consumirá tais produtos pode ser utilizada como um mecanismo de planejamento do turismo.
Quando os consumidores estão dispostos a adquirir algum bem ou serviço, dirigem-se a um mercado e encontram os vendedores desses bens. Nessa situação, o comprador é aquele indivíduo que demanda, no mercado, os produtos que deseja adquirir; e o vendedor ou produtor é aquele que oferta os produtos no mercado, com o objetivo de vendê-los. No sistema do mercado turístico, há os consumidores (ou turistas) e as empresas turísticas (hotéis, agências de viagem, empresas de ônibus, transportadoras, entre outras). É importante lembrar que, no mercado turístico, os consumidores, ou turistas, estão sujeitos às suas restrições orçamentárias e procuram maximizar sua satisfação com o consumo de produtos turísticos. Já as empresas e as instituições turísticas buscam atrair mais turistas para, principalmente, elevar seus lucros.
A demanda turística compreende os turistas que estão motivados a adquirir produtos e serviços turísticos para atender às suas necessidades de descanso, diversão, recreação, entretenimento e contato com diferentes culturas. Assim, a demanda turística abrange a procura dos consumidores por bens e serviços turísticos que satisfaçam suas necessidades e estejam de acordo com suas motivações. Entretanto, essa busca não implica necessariamente o consumo turístico. Por isso, a demanda turística pode ser classificada de duas formas: demanda real e demanda potencial.
Tendo em vista essa classificação, vale destacar os fatores que influenciam a demanda turística:
Disponibilidade de tempo: a demanda real se efetiva conforme a disponibilidade de tempo livre para a realização de viagens. Esse tempo livre pode decorrer de férias, fins de semana ou feriados.
Disponibilidade de recursos financeiros: o consumo do produto turístico requer disponibilidade de renda para viagens. Uma vez que as viagens não fazem parte da cesta de necessidades básicas das pessoas (como alimentação, saúde e vestuário), os recursos disponíveis podem ser aplicados na realização de outro tipo de consumo, como a compra de um carro ou a realização de um curso.
Fatores demográficos: podem ser observadas tendências de consumo de acordo com algumas características demográficas, como idade, gênero, sexo, estado civil, origem e condição familiar. O perfil do consumidor influencia na realização de viagens turísticas.
Fatores sociais: em viagens, os turistas ficam expostos a condições sociais que, muitas vezes, são distintas das características da sociedade com as quais estão habituados, resultando na convivência de diversos grupos sociais.
Também é preciso reconhecer as características da demanda turística:
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A demanda por bens e serviços turísticos ocorre em períodos específicos, como feriados, férias e eventos, ou em função do clima da região, o que é determinante para a sazonalidade do turismo.
A sensibilidade da demanda por pequenas variações no mercado e no ambiente, como epidemias, violência, crises políticas, guerras, falta de água e terrorismo, ilustra a elasticidade da demanda turística. Acontecimentos como esses geram incertezas, que interferem na demanda para determinado local, já que os turistas buscam certificar-se de que sua viagem atenderá às suas necessidades.
A disposição das pessoas de viajar para o mesmo lugar mais de uma vez, em função de promoção massiva da localidade, influência do boca a boca ou modismos, gera concentração espacial em alguns destinos turísticos. A internet tem contribuído para difundir informações, potencializando a divulgação de destinos.
A diversidade de motivações e expectativas da demanda turística caracteriza-a como heterogênea. Nota-se que essa variedade de motivações tem determinado a diversificação dos tipos de viagem (esporte, lazer, cultura, aventura etc.).
A oferta turística corresponde ao conjunto de produtos e serviços turísticos oferecido aos turistas em um determinado destino turístico, como atrativos locais, alojamentos, alimentação, transporte, atividades de lazer, cultura, atividades esportivas e compras, ou seja, todas as atividades postas à sua disposição para desfrute e consumo. Entretanto, isso não significa que a oferta turística deva ser utilizada exclusivamente pelos turistas, pois pode haver o consumo desses produtos e serviços por residentes ou outros visitantes.
Para Dias (2005), a oferta turística é tudo aquilo que faz parte do consumo turístico, incluindo bens, serviços públicos e privados, recursos naturais e culturais, eventos, atividades recreativas etc. De acordo com esses itens, é possível identificar as categorias que compõem a oferta turística.
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É preciso destacar a importância da compreensão da oferta turística de uma localidade para o planejamento de roteiros turísticos. Serão os arranjos entre recursos, atrativos, equipamentos e serviços que fornecerão as bases para o desenvolvimento da atividade turística, buscando o equilíbrio entre a oferta disponível em uma localidade e as necessidades e os desejos dos visitantes, elevando assim a qualidade do serviço oferecido.
Neste conhecimento, foram apresentados os principais elementos da cadeia produtiva do turismo, desde seus fundamentos básicos até os componentes mais específicos que compõem a infraestrutura e os serviços oferecidos aos turistas. O domínio dos conceitos de turismo, de hospitalidade e sociologia do turismo, e a compreensão das relações entre oferta e demanda permitem que o guia de turismo desempenhe um papel estratégico na criação de roteiros inovadores, responsáveis, culturalmente sensíveis e coesos diante do cenário turístico apresentado. A integração de todos os elementos da cadeia produtiva do turismo, bem como a constante atualização frente às novas tendências, podem não apenas otimizar a experiência do visitante, mas também contribuir para o desenvolvimento econômico e social das comunidades envolvidas.